sábado, 9 de janeiro de 2010

Morte sem Corpo

Hoje para meu espanto, descobri que morri.
Mas quando foi realmente?
Não houve velório,
Não choraram por mim.
Ninguém percebeu minha morte.
Meu Deus, que fim triste.
O mais triste que já pude ver.

Tomando consciencia da minha morte chorei. Chorei muito.
Quantas saudades...
Queria me ver só mais uma vez,
Queria dizer REAJA!
Tenha Força. Não se acabe assim. Não morra tão cedo.

Me olhei no espelho na esperança de me ver,
E quem sabe descobrir que foi tudo um mero engano.
Mas nada refletia. Eu não estava lá. A imagem que eu via... não era eu.

Sei que pode ter sido difícil das pessoas notarem,
Mas... havia uma outra mulher em meu lugar.
Parecida comigo, mas não eu.
Rosto igual,
Cabelo idêntico,
Corpo do mesmo jeito.
Mas...
Os olhos...
Eles não eram iguais.
Olhei dentro deles,
E percebi que eu não estava lá.
Tentei lembrar quando morri,
Como foi.
Teria eu sido assassinada?

Então,
entendi que havia sido uma morte natural mas causada por pessoas à minha volta.
É que minha alma,
Não havia suportado as desilusões, as decepções, o desamor, a ingratidão e as acusações.
Minha alma não aguentou as cobranças, a pressão, a insensibilidade e tanto mais.
Tudo morreu: minha auto estima, minha alegria de viver, meus projetos, meus poderes, minha vontade, minha liberdade.
Então num golpe fatal, morreram meus sonhos.

Assim, estou morta mas ninguém percebe.
Continuam usando contra mim as mesmas armas que me mataram.
Mas..
Não importa mais.
Estou morta.

Jamais pensei em terminar dessa maneira,
Queria o jeito normal com data, hora, caixão, flores e velas.
Velório, gente comentando sobre como fui especial e sentindo a minha falta.

Dói saber que não terei isso,
pois, quando esse corpo, que ainda respira se for,
Não serei eu que irá.
Morri antes.
Até esse direito me tiraram.

Então,
Só me resta dizer,
A falta que sinto de mim mesma,
Mesmo apesar de que estando morta,
Isso não importe.

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